13.6.10

'Details'

Madrid já tinha caído nas minhas graças e acho que foi por causa dos pormenores. Aquelas janelinhas geométricas dos edifícios antigos que fazem lembrar o tempo do Zorro; os detalhes das varandas, fachadas e portas; a forma como o deboche da Chueca e da Calle Hortaleza se mistura na imponência quase real da Gran Via; as antigas salas de cinema, algumas delas recuperadas; as arejadas lojas das melhores marcas, seguidas umas às outras, e a pedirem-nos para entrar… São centenas de pormenores impossíveis de ver todos de uma vez.

Desta vez, Madrid tornou-se especial. E não foi por causa dos concertos. Ou pelo menos, não foi só por causa disso. Sim, os concertos foram excelentes. Tudo o que queria ver e ouvir. Mas antes disso houve aquele fim de tarde na grandiosa Plaza Mayor, entretida a ver o aparato dos casamentos que se realizavam no Civil e os mascarados a fazer palhaçadas em troca de uma moeda.

Foram pelo menos três os casais que assinaram os papéis naquela hora. Já passava das 19h30 e vestiam a rigor. Elas de vestido branco ou beje (sem ser de noiva), eles de fato escuro e os convidados de echarpes e sapatos envernizados. Mas tudo simples e com bom gosto. Pergunto-me como conseguiam elas andar naquela calçada com saltos tão altos. Naquele dia – quinta-feira – foram 17 os casamentos realizados no Civil de Madrid. Parece que é assim todas as segundas quintas-feira do mês. Bastam 20 minutos e já está.

Mascarados, apenas dois restavam àquela hora. Um Zorro com um carrinho de compras de onde saía a cabeça de uma boneca, qual freak show, e um Homem Aranha de barriga proeminente e fato esfolado do tempo. A piada estava no desleixo.

A Madrid só lhe falta estar perto do mar, como Barcelona, mas assim não seria Madrid… seria Barcelona!