27.12.06

Natal: o antes e o depois

O antes:
O Chiado fica impossível em Dezembro. A Fnac tem filas intermináveis em todas as caixas, mesmo aquelas que não costumam estar abertas ou que nem sequer existem. Na rua temos de fugir dos encontrões e as filas para os parques de estacionamento entopem o trânsito. A fila na loja da Nespresso (daquelas máquinas de café que agora todos têm) chegava à rua. Episódios algo decadentes e obsessivos, dos quais todos fazemos parte, mesmo que por um breve período de tempo. Naqueles dias que antecedem o Natal o Chiado fica feio. Só lhe valem os enfeites e as luzes.

O Natal:
A seguir ao casamento, o Natal é a festa que demora mais tempo a preparar. Tudo se esgota em dois dias. Tudo, menos os doces e os restos de comida que se amontoam em caixinhas no frigorífico. O que antes era delicioso torna-se um fardo a carregar no estomâgo durante quase uma semana. Para os meus cães até tem as suas vantagens. E os avós também agradecem não ter de fazer comida durante um dia ou dois. Ainda assim, é pena que sejam apenas dois dias. Gosto desta coisa de ter a casa cheia de gente e de comida. De me sentar à lareira a ver filmes ou a ler. De apreciar o estar em casa.

O depois:
Agora vem a dor de estomâgo; a barriga inchada; o cansaço acumulado de dias a correr pelas lojas para comprar a última prenda para a amiga tal; a ansiedade pelo próximo fim-de-semana, não por ser o da passagem de ano, mas por ser de três dias; a impossibilidade de falar com alguém pelo telefone; a falta de notícias para fazer. Só o Chiado voltou a ficar bonito. Calmo, pacato e cheio de sol. Gosto mais do depois do que antes...