20.8.08

4.00 da manhã

Esta é por norma a hora a que me deito todos os dias. Tenha ou não de me levantar cedo ou muito cedo. Não o consigo evitar por mais sono que tenha. Há quem lhe chame insónias. Eu não sei o que lhe chamar. Sei apenas que foi a esta hora que a minha aventura norte-americana começou. O avião para Flagstaff, com escala em Phoenix, partia de Hartford às 6.30h. Com a diferença horária cheguei a Phoenix às 8 e picos da manhã. Dormi as cinco horas que demorou a chegar à capital do Arizona. Vi-a de cima, apenas, e senti-lhe os 44 graus de calor sufocante quando sai para apanhar a avioneta que nos levou a Flagstaff, uma pequena cidade do interior do Arizona, a cerca de uma hora e pouco do Grand Canyon. A viagem até Flagstaff demorou 40 minutos se tanto, mas eu só queria que ela acabasse. O avião tremia por todos os lados e fazia um barulho insurcedor. E voava baixinho, baixinho... 

Do avião para o carro foi um instantinho. Alugámos um carro normal e saiu-nos na rifa um descapotável. Um Chrysler branco ao qual não tirámos fotografia (uma estupidez!) e que andou quase sempre com a capota para cima. Muito vento, muito calor, as malas a descoberto... tudo razões para quem não está habituado a estes luxos. Mas afinal, iamos a Las Vegas e em Vegas um descapotável fica sempre bem. A sugestão foi do empregado do rent-a-car que era fã da selecção de Portugal e, imagine-se (ironia), do Ronaldo. 

Lá fomos nós no descapotácel branco, muito americano, até Williams, onde iamos passar a noite. Uma vila pacata a uma hora do Grand Canyon e por onde passa um pedaço da route 66, antes a mãe de todas as estradas norte-americanas e hoje uma atracção turística estrelhaçada e distribuída por vários estados. Williams, Arizona não podia ser mais típica. Típica cidade turística, que vive do Grand Canyon e da route 66. Típica cidade de cowboys e de índios (aliás, chegámos mesmo a ver gajos vestidos de cowboys, com coldre e arma. the works!). Típica cidade de passagem e de estrada, quase fantasma e parada no tempo, onde ainda se respiram os anos 50 e 60 nas placas dos motéis, nas bombas de gasolina e nos carros. Choveu a tarde toda apesar do calor. Nesse dia, que tinha ganho três horas em relação ao ponto de partida, deitei-me as 10 da noite. Imagine-se...