17.6.10

Guernica

E por falar em detalhes, desta vez decidi ir ao Reina Sofia. É um museu mais ao meu estilo. Estão lá os modernos todos, os surrealistas, cubistas e afins. E agora está lá o Guernica. Já sabia que o quadro era grande e não uma Monalisa, e apesar de ajudar, a expectativa nem era tanto pela dimensão do quadro.

O Guernica é uma espécie de Grande Canyon da pintura. Não há muitas palavras para o definir. E não, não gosto de tudo o que Picasso faz. Mas há qualquer coisa neste quadro que mexe comigo. Talvez a história que conta, aliada às expressões – ainda que geométricas – das figuras. Não sei. Só sei que não queria vir embora. Queria ficar naquela sala o resto do dia, até o museu fechar e voltar no dia seguinte para ver de novo. Para ver todos os dias. É o mesmo efeito do 'The Boulevard Montmartre at Night' do Pissaro.

O problema eram as pernas. Naquela sala não há bancos ou cadeiras, sem ser as dos dois seguranças, uma de cada lado do quadro. Tavez para as pessoas não ficarem ali eternidades e se dar oportunidade a outros. Em frente ao Guernica há um corropio imenso. Não se podem tirar fotografias de dentro da sala, só de fora (go figure!) e há um limite até onde nos podemos aproximar do quadro. A mim bastava-me um banco, no cantinho da sala, sem ninguém me ver.

Depois do Guernica, viemos embora. Queria guardar aquela imagem na memória durante algum tempo e não distraí-la com qualquer coisa. Porque são os detalhes que realmente importam...

13.6.10

'Details'

Madrid já tinha caído nas minhas graças e acho que foi por causa dos pormenores. Aquelas janelinhas geométricas dos edifícios antigos que fazem lembrar o tempo do Zorro; os detalhes das varandas, fachadas e portas; a forma como o deboche da Chueca e da Calle Hortaleza se mistura na imponência quase real da Gran Via; as antigas salas de cinema, algumas delas recuperadas; as arejadas lojas das melhores marcas, seguidas umas às outras, e a pedirem-nos para entrar… São centenas de pormenores impossíveis de ver todos de uma vez.

Desta vez, Madrid tornou-se especial. E não foi por causa dos concertos. Ou pelo menos, não foi só por causa disso. Sim, os concertos foram excelentes. Tudo o que queria ver e ouvir. Mas antes disso houve aquele fim de tarde na grandiosa Plaza Mayor, entretida a ver o aparato dos casamentos que se realizavam no Civil e os mascarados a fazer palhaçadas em troca de uma moeda.

Foram pelo menos três os casais que assinaram os papéis naquela hora. Já passava das 19h30 e vestiam a rigor. Elas de vestido branco ou beje (sem ser de noiva), eles de fato escuro e os convidados de echarpes e sapatos envernizados. Mas tudo simples e com bom gosto. Pergunto-me como conseguiam elas andar naquela calçada com saltos tão altos. Naquele dia – quinta-feira – foram 17 os casamentos realizados no Civil de Madrid. Parece que é assim todas as segundas quintas-feira do mês. Bastam 20 minutos e já está.

Mascarados, apenas dois restavam àquela hora. Um Zorro com um carrinho de compras de onde saía a cabeça de uma boneca, qual freak show, e um Homem Aranha de barriga proeminente e fato esfolado do tempo. A piada estava no desleixo.

A Madrid só lhe falta estar perto do mar, como Barcelona, mas assim não seria Madrid… seria Barcelona!

Madrid me encanta

Está na hora de ressuscitar este blog. Não será por muito tempo. Confesso que ando ocupada com outras coisas que não são trabalho e que por isso dão bastante gozo à minha vida. Mas a curta viagem a Madrid, entre 10 e 12 de Junho, justifica que dê vida ao blog. Afinal, foi a primeira viagem (para fora) do ano. 

O objectivo era claro: Começou por ser ir ver Rage Against The Machine ao Rock in Rio Madrid. Compraram-se os bilhetes de avião a um preço absurdo de tão bom - 35 euros ida e volta por pessoa. Alguns meses depois, os Jane's Addiction ocupam o lugar vazio no cartaz do palco principal. E tudo mudou. Ir a Madrid passou a ser a minha oportunidade para corrigir o erro idiota (não há outro nome) de ter perdido uns 20 minutos do concerto de Jane's Addiction na primeira parte de NIN o ano passado em Londres. Uma viagem que tinha feito de propósito para os ver. 

Estava decidido que desta vez seria diferente e que chegaria mais do que a horas para me preparar fisica e psicologicamente para ver (rever) as teatrices de Perry Pharel e seus amigos. RATM passaria assim para segundo plano, em importância, não em entusiasmo. A minha dúvida era mais em saber como iria sobreviver ao concerto depois da experiência no Alive há dois anos em que tive de ser puxada da multidão. 

Uns meses mais tarde, a viagem a Madrid tornou-se ainda na possibilidade de descansar (mais a mente que o corpo) depois de uns primeiros seis meses desgatantes. Ainda que fossem apenas dois dias e meio. E depois seria voltar a Madrid. Uma cidade pela qual me apaixonei inesperadamente e que cada vez vou gostando mais. No me gusta... me encanta!